Eminente está a partida para uma viagem longa. Sempre as mesmas questões, uma prática e outra existencial:
Quero ir preparada para quê?
E deixo espaço vazio para que mais?
Como sempre que parto, sinto acometida de enorme vontade de pôr na mala um canivete suiço, artigo cobiçado e de que - não sei porquê - ainda não sou possuidora. Agora assalta-me a dúvida se me deixam levar o dito canivete na mala de porão do avião.... duvido e, por vias dessa mesma dúvida, será provavelmente melhor deixar-me de vontades e não correr o risco de o ameaçador canivete suíço reter a minha mala aí por um aeroporto qualquer do mundo, suspeito de pertencer a dono com más intenções.
O canivete suíço em forma de mala de viagem, por assim dizer.
No dia antes da partida, vou e volto em piloto automático x vezes entre os armários e a mala aberta sobre a cama, protegida esta por um pareo brasileiro já para o desbotado e gasto, trazido numa mala de uma outra viagem.. E pronto, a mala está cheia e feita!
o espaço vazio da mala,
que é o mesmo que dizer: deixo espaço em mim para acontecer o quê, nesta viagem que vou começar, percorrer e acabar?
Afinal de contas, uma viagem - que pode apenas ser a viagem do dia de hoje, tanto como o pode ser uma viagem de um mês num continente diferente -, é isto mesmo:
Sossega-me o que já tenho e ponho ao serviço para dar os passos do caminho.
Desafia-me o espaço que abro e alargo para permitir acontecerem coisas, coisas, coisas....
Sem comentários:
Enviar um comentário