28 de fevereiro de 2012

Malas cheias à canivete suíço.



Eminente está a partida para uma viagem longa. Sempre as mesmas questões, uma prática e outra existencial:

Quero ir preparada para quê?
E deixo espaço vazio para que mais?


Como sempre que parto, sinto acometida de enorme vontade de pôr na mala um canivete suiço, artigo cobiçado e de que - não sei porquê - ainda não sou possuidora. Agora assalta-me a dúvida se me deixam levar o dito canivete na mala de porão do avião.... duvido e, por vias dessa mesma dúvida, será provavelmente melhor deixar-me de vontades e não correr o risco de o ameaçador canivete suíço reter a minha mala aí por um aeroporto qualquer do mundo, suspeito de pertencer a dono com más intenções.

Com a prática dos anos, compor a bagagem em termos de roupa, sapatos, mini-farmácia e outras utilidades já é uma tarefa muito treinada; faço-a mentalmente ao longo dos dias anteriores; penso nos cenários e escolho aquilo com que me vou sentir Bem.

O canivete suíço em forma de mala de viagem, por assim dizer.

No dia antes da partida, vou e volto em piloto automático x vezes entre os armários e a mala aberta sobre a cama, protegida esta por um pareo brasileiro já para o desbotado e gasto, trazido numa mala de uma outra viagem.. E pronto, a mala está cheia e feita!

À beira da partida, definem-se mais e mais os contornos daquilo que eu chamo

o espaço vazio da mala,

que é o mesmo que dizer: deixo espaço em mim para acontecer o quê, nesta viagem que vou começar, percorrer e acabar?

Afinal de contas, uma viagem - que pode apenas ser a viagem do dia de hoje, tanto como o pode ser uma viagem de um mês num continente diferente -, é isto mesmo:

Sossega-me o que já tenho e ponho ao serviço para dar os passos do caminho.
Desafia-me o espaço que abro e alargo para permitir acontecerem coisas, coisas, coisas....

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